[…]
Pobre inimigo que me soterrastes,
sem perceber que no fim me mandastes
ao meu centro de poder.
Soterrada, me reconheci no seio da terra.
Dela, retirei a sabedoria da humildade
em saber que nada sou só.
Da escuridão solitária, renegada, de baixo,
foi a lua, lá em cima quem me mostraste
que matéria é ilusão.
Tudo é maleável e encaixável.
E é no mesmo silêncio de solidão que a minha,
que ela, lá de cima, mostra incansavelmente tudo à todos.
Mas poucos veem sem ver,
a mão silenciosa e atenciosa que vem
em todas as auroras,
abrandar com orvalho o calor que está pra chegar,
com água o fogo dominar.
[…]
- Livro Traiçoeira é a carência, que enfeita o pecado – Patricia Volpe
Deixe um comentário